quinta-feira, 30 de abril de 2009

Boiada rebelde

Durante esta semana teremos a prosperidade em todas as áreas. Aqui no Brasil é assim. Vez por outra tudo avança rapidamente. E estamos num momento epetacular.
Historicamente o ser humano demonstra sua capacidade incrível de evolução quando tem todas as condições necessárias ao fracasso. A julgar pela baixa qualidade dos nossos pensamentos nestes dias, não há melhor hora. Acordamos pensando em como tirar vantagem de alguém ao chegar primeiro ao banheiro. Vamos para o congresso à procura de um novo conchavo. Jogamos futebol com a atenção voltada para comprovação de alguma superioridade sobre os que usam outro distintivo na camiseta, ainda que seja uma ‘pelada’ apenas. Compramos sabendo que estão cobrando menos do que custaria para limpar todo o lixo produzido com o que nos vendem e depois nos culpam pelo lixo. Vamos trabalhar com a intenção de fazer menos do que aceitamos receber pelo trabalho, ou para subjugar os outros contratados a mais do que nos admitimos.
A conjugação de fatores que nos levam a inumanidade está quase no ápice de decadência. Tão poucos são os que agem sem dar atenção exagerada a aceitação global, que cada vez mais nos parecemos com uma boiada. Só há uma explicação mais ou menos aceitável. Em breve sofreremos um colapso. E provavelmente será o de identidade.
Com tanto egoísmo nas ações é possível que algum esperto enxergue sobre as cabeças baixadas. Com tanto igualdade na estupidez é possível que esta se torne absurdamente clara e identificável. Como tudo que é complexo oferece resposta simples, é posível que a massa identifique o engano. Ato reflexo e a boiada se separa, derruba cercas, cria novos rebanhos e come novos capins. Tudo em uma semana.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Vou me endividar

A nova notícia de que as perdas no mundo com a crise possam ser da ordem de quatro trilhões de dólares, sem que eu sequer me levantasse, fez com que as moedas que guardo derretessem em meu bolso. Eu que pensei que cinco moedas de um real mais uma de vinte e cinco centavos poderiam representar algum dinheiro.

Se foram perdidos quatro trilhões de dólares, só pela perda, eu, que me sabia pobre, perdi a chance de viver de renda, se soubesse o rico que era.

Que grande sacanagem esta! Me tomaram até o que eu não sabia que tinha. Que grande maldade fizeram comigo! Estou emprestando o que não tenho para pagar o que tinha e não gastei. Que grande besteira fiz quando paguei ao banco aquilo que não devia. Que bela besta me saí!

Procuro agência de finanças que me financie um banco. Garanto o pagamento com todo o dinheiro que me for emprestado. Bom, quase todo…

domingo, 19 de abril de 2009

Francisco de Assis

De tão famoso virou santo e assim ele já não é, ele São. Pobreza foi seu voto, dizem. Voto e pobreza tem ligação mesmo unilateral. Alguns dizem o voto e muitos aceitam a pobreza. Mas política não é interessante, além de ser suja. E não adianta reclamar, a política é suja sim, afinal é feita por políticos e eles são sujos. Portanto volto para a pobreza do Francisco, o que é São.

Disse a igreja, a que fez dele santo, que a escolha de São Francisco, chamada voto, foi mesmo a de pobreza e que ele que era rico deixou tudo para trás quando abandonou a casa do pai e ainda saiu caminhando pelado. Rebeldinho o Chico, falo assim porque não to falando do santo. Assim ele, pelo que se sabe, herdaria muito dinheiro e propriedades, o que o faria supostamente rico, mas preferiu renegar todos os bens materiais, o que o deixou pobre.

Primeiro me parece ridículo aceitar que a igreja não conte a história ao contrário, dizendo que ele era pobre, pois seu coração não pertencia a Cristo e, depois que aceitou Jesus, ficou rico por ser e aceitar ser filho de Deus, que sabemos que é o dono de tudo.

A dor com que contam esta história de um jovem abandonar o dinheiro, para abraçar a vida sem este atrapalho, faz pensar que a materialidade é o principal. Deveriam contar que escolhemos o material quando nos damos conta que nossos pais e nossa comunidade nos criou tão vazios que não seríamos quase nada, não fosse algum casaco ‘da onda’ ou uma sapatilha da moda. Por isso não vemos a riqueza do Francisco, o famoso de Assis.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Argamassa não é concreto

Pensar dói, mas não machuca.

Perca o medo da dor.

Segue o ciclo que segues.

Segue o ciclo que segues para que tua próxima ação seja menos influenciada pelas escolhas equivocadas que te fazem alimentar o ciclo que segues. Tua inação por alguns momentos é que pode impedir a alimentação do ciclo. Conseguindo momentos para não alimentar o ciclo você consegue em primeiro momento diminuir a força do que te persegue. O ciclo perseguidor passa aos poucos a ser um ciclo menos imponente enquanto o teu ciclo individual passa a ganhar força. À medida que você aumenta a resistência para a perseguição e ganha mais tempo para inação que interrompe momentaneamento o ciclo que te persegue é que tua importância cria novas escolhas reais e próprias. As tuas escolhas alimentam a construção de independências em cadeia fazendo com que o ciclo perseguidor encolha suas induções e outras pessoas inativem ações por pequenos tempos. Esta soma silenciosa encolhe e desnorteia o ciclo. O ciclo ao longo do tempo percebe que pode ser inativado a qualquer momento pois há um número não conectado de pessoas e que portanto não obedecem a comandos em massa e que têm na soma a força suficiente para interromper a perseguição. O ciclo passa a servir. A sequência tende a ser a soma dos possíveis de cada escolha individual e não o resumo das escolhas do ciclo perseguidor.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Regras na segunda-feira

As regras que sigo seguem as regras que dito.

Pelas manhãs de segunda-feira, todas elas, sem que seja necessário acordar plenamente, nem que a espera pelo café da manhã traga uma mesa posta, as regras que me imponho seguir, seguem me impondo ações. E seria muito fácil alterar este inesgotável momento filosófico das manhãs de segunda se meu aceite virasse uma negação.

Se para negar há o risco de não haver o próximo café da manhã, há também para o assentimento inconteste a certeza de que alguém não terá café da manhã nunca mais. A luta então passa a ser de garantir que o café perdido seja o do estrangeiro e, quando o dele já não houver, que seja o do vizinho e por aí se chega em casa e a escolha dói mais.

Estas regras que aceito alimentam outras regras que me serão impostas. De tal modo que alimento meu próprio tolimento. Preciso parar pelo menos alguns minutos por dia e quebrar pelo menos uma regra geral a cada dia. Pequenas paradas e regras de menor valor, é claro. Não consigo explicar a idéia, porém não consigo negar o sentimento de que estou mordendo o próprio dedo a cada manhã.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Vou reclamar meus direitos de consumidor

Vou pedir meu dinheiro de volta. Que venha sem as taxas e os impostos. Podem ficar com os juros do período e nem é preciso corrigir monetariamente. Tanto gasto para tão pouco!

O caso é o do nascimento. Pouco antes dele, a bem de dizer a verdade. Tenho a impressão de que me venderam um show pirotécnico. Aqui não tenho visto nem pisca-piscas, quanto mais fogos de artifício. A festa prometida só acontece onde não estou. Quando o bom é o boom de algum investimento, ninguém me conta. Quando o boom de um investimento não é bom, eu é que pago a conta. Se tivessem dito que seria assim, capaz que eu tivesse nascido. Esperava a próxima geração chegar.

Se houver outra vez, não venho. Caso me convidem para entrar neste parque novamente, não entro. Isto parece condomínio construído com areia de praia e cobrado com fatura de cimento puro.

Me devolvam o dinheiro. Vou comprar as entradas para a vida no Éden. Mas quero a parte do planalto. Dizem que lá tem menos festa, porém, tem mais sossego. Vi uma plaquinha indicativa estes dias. Será mesmo que a bilheteria é no Senado?