sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Querem tomar meu leite

Bem pertinho dos dez por cento. Isso mesmo, quase a décima parte de uma renda inteira só para acessar a internet. Essa assinatura para mobilidade que tanto falam parece mais um engôdo. O custo para oferecer este tipo de serviço é diluído entre milhões de usuários no Brasil. Tem quem diga que aqui é até barato. Nem que a vaca faça bola de chiclete estes cinquenta reais para acessar a internet deixa de ser caro.
Custando um real e trinta centavos, mais cá menos lá, o litro do leite chega bem tratado sobre a mesa do trabalhador médio. Com mais um real e trinta é capaz de chegarem mais quatro pãezinhos. Se for um casal só de eles mesmo, com cerca de quatro reais o café da manhã segura bem a fome até o lanche daz dez e com um pouco de boa vontade se chega bem ao meio-dia. Em trinta dias do mês deu cento e vinte, na pilha dos reais, o custo de comer cedo. Basta repetir a economia nas três principais refeições do dia e o mês fecha em trezentos e sessenta reais de bóia. Junta um gás de quarenta reais mais o desconto na folha e o salário deu tamanho.
A informação é que pode mudar isto. Água, luz, telefone, estudos, remédios, prestação da casa, roupas, passeio no final de semana, corte de cabelo, esmalte de unha, móveis, eletrodomésticos... o governo já dá mesmo!?
O negócio é vender mais dez por cento da força ganha com o leite e os pãezinhos.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Um centímetro

Muitas vezes ouvi dizer que alguém escapou por pouco. É até comum acreditar que por quase nada acertamos os números da Quina. Há mesmo crença que, se o número sorteado for sequente ao que tínhamos, passamos de fininho pelo prêmio. Este movimento entre um acontecimento e outro faz muito sentido para especulação. Caminhar é o propulsor dos fatos e parar geralmente só faz sentido para os olhos. Talvez não haja motivo suficiente para que se perca um dia nas conjecturas do que poderia ter sido se... Porém aconteceu.
Um comércio abriu as portas para o público, de forma que seus produtos estavam dispostos e disponíveis para venda. Um ponto de ônibus foi instalado em frente ao comércio com abertura apenas para frente e um dos lados. O abrigo utilizado para esta parada do coletivo mede mais do que a largura do comércio, tem a altura da fachada, está a um metro e meio de sua porta e não é transparente. Por pouco o ponto não está dentro do comércio que por muito está impedido de ser visto por quem transita pela rua ou na outra calçada.
Parece que, no planejamento urbano dentro da prefeitura, a idéia de uma parada para o coletivo, totalmente coberta e num local de muita procura, justificou o ajuste da traquitana ali. No mapa urbano cada quadra mede um centímetro.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A sobra de televisão

Hã?
Um dia inteiro sem receber informações via televisão foi o suficiente para que sessenta e oito porcento dos meus dilemas sumissem. O esforço que muitos fazemos para preencher a vida com o máximo de proveitos é quase uma tarefa impossível sem programas feitos para a TV e distribuídos através de cabos, ou antenas ou fitas ou DVD's. Nenhum ser humano consegue, seja qual for o seu poder de abstração ou fonte questionadora, encontrar inutilidade suficiente para completar o dia em todos os momentos acordado. Fazer isto todos os dias de todas as semanas é inimaginável.
Num momento em que este eletrodoméstico, que já é bem menos elétrico e muito cheio de opiniões, resolve não dar o ar de sua ingrata graça, podemos perceber o quanto ele sobra em nossas vidas. Os dias apresentam vácuos, as importâncias trocam de lugar, as atenções se voltam para a pessoa que está no lado (oi, você é quem mesmo?), nosso eu se percebe como outro estranho, o espelho diz a verdade, o mundo não é tão acelerado.
Com sorte, se a TV não funcionar, pode-se caminhar até a padaria.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Eu pometo e você me dá um dinheio aí

Reco-reco-nomia. Oriundo da madeira e singrado por metal afiado, surgiu este instrumento. De trabalho arrumou o de acordar ou manter de olhos abertos quem não queira ou não possa dormir. Unindo um couro esticado num tubo , um apito com botões de modulação e alguma outra ferramenta de som, se tem um grupo de trinados. Mais simples de arranjar, só memo um chato mais papel e caneta para desdizer as letras do carnaval.
Se a canoa não virar... É de admirar a coragem dos navegadores, que se lançam sobre águas com naves de flutuação duvidosa e nem sabem onde haverão de chegar. Só me alegra a constatação cada vez mais empírica e imparcial retumbando que ,de fato, somos o que plantamos. E aqui, no Brasil, plantamos sementes do que nos disserem que dá lucro. Assim foi plantado o carnaval nestas terras, no tempo em que o circo era demasiado caro e precisamos de atendimento em maior escala. O resultado não era minimamente certo nem estudado, mas somos do tipo navegador corajoso.
Todo ano, aí pelo mês de março, passamos para o pão.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Desocupados incomodam ocupados e o verso idem.

Só com tempo para estudar as letras é que se escreve receitas. Será que alguns termos já não passaram da validade?
É fácil para mim que exerço uma tarefa quase de ofício, empenho força de trabalho neural e acumulo riqueza imaterial, analisar alguém que não se dê horas a pensar como um desocupado. Simples também é para alguém que segura na concha de uma pá cheia de pedras dizer que um que se dá a pensar sentado é um desocupado. Este empurra de um que pensa como deve ser feito e o outro que faz o que precisava ser feito, afora um punhado de tapas e palavrões, já cansou a beleza da donzela que desfila o pensado e o feito no mesmo pano. Assim nem a donzela, nem o da pá, nem o da caneta se dá ao trabalho de forjar outro conceito para a serventia e a ocupação.
O movimento e a paralização sempre haverão de incomodar por um lado o que está parado e por outro o que transita. Desocupação é um termo que pouco combina com o mundo moderno. Há para todos os dias tantos apelos e tantas regras que até para desocupar-se é preciso empenho. Parece que o mundo já andou bastante. Esta síndrome de não se dar tempo para quase nada, parece um conceito atabalhoado. É tanta a ocupação que os desocupados terminam o dia cansados de tanto se desviar do ocupados que se queixam de carregar os outros.
No ritmo que tentamos fazer com que mundo mais avance, parece que nos atrapalhamos, pulamos processos, deixamos de ver mais do que olhar. Assim é possível que acabamos por seguir sim, mas para trás. Parece que estamos desocupados de promover as mudanças e muito ocupados para perceber o regresso.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Vou especular no bolso

As oportunidades estão realmente à vista. O mercado está num claro movimento de falta de liquidez. O sistema financeiro não possui mais condições de remunerar aplicações antes tão rentáveis como a caderneta de poupança. Agora posso ganhar algum dinheiro alimentando o setor produtivo, como por exemplo a indústria automobilística.
Se a propaganda é o gatilho da arapuca, vou aqui disponibilizando minha capacidade de investimento para estar ajudando as grandes indústrias para que elas possam estar fazendo sua passagem da crise e estar ajudando o sistema produtivo a comprar jatinhos.

Tenho para emprestar:
R$20,00 - pagamento em 5 anos - 01 ano de carência + 04 parcelas anuais. Apenas 3,5% a.m.
R$30,00 - pagamento em 3 anos - 06 meses de carência + 05 parcelas semestrais. Apenas 4,5% a.m.
R$45,00 - pagamento em 12 meses - 01 mês de carência + 11 parcelas mensais. Apenas 6,5% a.m.

A habilitação para este crédito barato é fácil e quase sem burocracia. Basta entrar em contato por aqui mesmo e providenciar garantia real de duas vezes o valor do empréstimo indicado, mais o plano social da companhia para os próximos dez anos. No momento só disponho linhas de crédito para empresas do ramo automobilístico.
Aproveitando para dar um palpite, parece que o governo brasileiro poderia montar um plano de garantia real para que aqueles que guardam seu dinheiro em cadernetas de poupança, pudessem, sem ser usurpados, oferecer dinheiro para estas grandes empresas com juro menor do que nos cobram e maior do que nos pagam.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A Varig americana

Avião sem combustível não voa. A General Motors sabe disto há tempo. Até eu sabia. Aviões bebem muito combustível. Falar de avião é bacana, tem mais corpo do que falar de carro. Os executivos da GM usam muito os aviões. Agora mesmo tem jatinho de luxo sendo encomendado por executivo de muita empresa deficitária. Jatinhos são mais rápidos do que carros, inclusive para pedir esmolas, um novo e milionário negócio que merece altos investimentos.
Confuso entre aviões e carros me dei conta que, o governo brasileiro por muitas vezes deu dinheiro para a VARIG, aquela empresa de aviação que nunca dava retorno, a não ser para os comandantes. Um dia cortaram a verba pública e o mercado aéreo brasileiro recebeu muitas novas empresas. Mais brasileiros voam hoje do que quando a gloriosa Varig existia.
Parece que como não temos mais o Itamar como presidente. Se a GM fechar por ser vendida, partida, dissecada, falida, o que não me importa, talvez empresas como a Gurgel, Puma e outras, brasileiras, possam ocupar espaço com o mesmo dinheiro que o governo daria para a beberrona GM.
Se o dinheiro fosse meu...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O valor determinado

Se a informação veiculada por meios de comunicação, mais a produção de aço utilizada, mais os cargos políticos estratégicos de cidades ou países, que atingem direta ou indiretamente milhões de pessoas no mundo, são elementos dominados por quatro ou vinte bilionários, como é possível acreditar que o que sabemos sobre os movimentos financeiros atuais são mesmo para não deixar menos rico o menos rico ou menos média o classe média.
Excluí da lista o pobre porque sou tendencioso e me parece que este perde sempre. É como dizer que a sina do pobre é alimentar e manter algum equilíbrio nas castas menos baixas. Assim como a sina do média é manter o pobre afastado e o condomínio limpo para o rico. Tanto quanto a sina do rico é alimentar o sonho impossível de qualquer um vir a ser um bilionário poderoso. Este último sonho serve para todos que alimentam o meio de comunicação, a produção de aço ou a eleição do bilionário poderoso. Parece-me que somos todos nós.
Parece que se eu pudesse dizer que só há no mundo 1.000 reais e mil patos, para cada real haveria um pato valendo isto. Se eu dissesse que há no mundo 500 reais e mil patos, cada pato valeria 50 centavos. A diferença hipotética seria de 500 reais.
Parece que eu teria menos dinheiro, porém teria ainda todos os patos que quisesse.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Parece que a crise é financeira...

Essa falência é suficiente apenas para dizer que é 'financeira'.
Não compreendi ainda porque tanto alarde com este assunto. O que se perdeu até agora foi dinheiro, liquidez, valor de imóveis, etc. Parece que aqueles que acordavam sem pão francês continuam acordando sem ele e os padeiros ainda sabem fazer pão.
Outra incompreensão que ainda guardo, mesmo com toda a sabedoria dos economistas de TV me auxiliando, se refere aos empregos. Porque estão discutindo se as empresas devem ou não demitir funcionários para enfrentar melhor a crise? Parece que as empresas demitem e contratam funcionários mesmo quando ganham mais dinheiro. Desconfio que os superinteligentes administradores das super big mega maiores empresas do mundo mandam admitir e demitir para aumentar o lucro, não agem assim pela equivalência econômica entre as pessoas. Tem empresa de meia-dúzia de mãos contratando mais um ou dois pares delas justamente em meio a crise.
Parece que quando um grande quebra mil pequenos se consertam... Tem muita vovó emprestando dinheiro pra netinha casar. Pelo jeito o dinheiro que o banco perdeu não impediu a menina de crescer.
Os dedos continuam onde estão. E a terra não aumentou nem diminuiu de tamanho.