segunda-feira, 16 de março de 2009

Vítima com cara de otário

É um desafio pensar em como isolar malfeitores físicos da sociedade e adequar a punição. Recuperar a vida de quem foi morto não é possível, talvez por isto se faça tanto para recuperar os agressores.

Porém me incomoda o tratamento desumano para as pessoas próximas das vítimas. Além da falta imposta por um sistema já cruel de sociedade, há ainda a insegurança gerada pela nossa inabilidade para proteger quem se sente ameaçado e apoiar na luta contra o pânico pela perda de um próximo. Parece que nos esquecemos que criminosos também tentam se proteger. Quando um assassino é encontrado sua primeira vontade é matar também quem pode acusá-lo, processá-lo, levá-lo a cadeia. E aí os parentes estão sem apoio. Já o assassino tem inúmeras prerrogativas. A balança parece pender.

As entidades que protegem criminosos na condição de humanos precisam se livrar de conceitos falsos de bondade. O apoio psicológico e emocional deveria ser investido nas vítimas e seus próximos em primeiro lugar. O desespero e a angústia, vigiados, são agentes de revisão para qualquer pessoa. Tirar de um criminoso esta possibilidade é encarecer uma readequação com remédios que faltam a quem luta diariamente para não sucumbir ao desrespeito dos direitos fundamentais. É preciso mostrar aos criminosos que existe uma sociedade que cuida de quem luta para ser respeitoso ao convívio. Mostrar que conforto não vale qualquer coisa, que status é um lixo comprado em qualquer banquinha de contrabando.

Aliás, também é desumano o tratamento com as vítimas. O estado sinaliza com a prerrogativa de inocente para aquele que é bandido. O inocente deve provar que assim é antes de ser atendido num grito de socorro. Hoje parece mais comum que sejamos tratados como otários quando somos vitimados.

É vergonhoso que seja assim. É assustador que sejamos o estado.

sexta-feira, 13 de março de 2009

PAC

Quem só pisa no acelerador, esquece as curvas. Este sentimento que vivemos e dita a aceleração, empolgação, feitura, desembaraço, avanço, crescimento e tudo que implica constância nestes movimentos, nos leva a destinos que não temos tempo de imaginar. A contemplação de um estado alcançado, em um determinado momento, bem como a constatação dos rumos implicados com as etapas alcançadas, dá maior poder e conhecimento para determinar passos menos agressivos e mais construtivos nos processos evolutivos.

A especulação é uma moeda eufórica com seu lançamento e sem lastro para aceitação imediata. Valorizar uma previsão é um risco sem cálculo. Quando fazemos isto nos colocamos numa área de risco que nem sempre podemos suportar. Se nosso capital é comprometido perigosamente em uma possibilidade imaginada nossa sorte pode se transformar em azar. Arriscar um pouco do que temos, de forma que a perda do valor arriscado não comprometa a regularidade já tão frágil das nossas vidas, é um exercício natural do capitalismo. A medida do exagero é uma especulação, uma probabilidade. Há tempo para que se arrisque e temo para que se guarde.

É notório saber que no Brasil alcançamos alguma segurança econômica nos últimos anos. Foram os brasileiros que se instalaram nesta terra os constutores desta estabilidade. Após centenas de anos, conseguimos que o governo não atrapalhasse tanto. Parece que agora nosso governo resolveu investir pesado em um programa de aceleração. Geralmente, aqui e em qualquer parte do mundo, a política se move primeiro por interesses particulares e, por último, também por interesses particulares.

Espero que este pé que acelera tenha um cérebro que veja curvas.

quarta-feira, 11 de março de 2009

A força

A agressividade entre as árvores tem atingido altos picos de destruição na biomassa. Galhos mortos são encontrados diariamente a muitos quilometros de onde foram arrancados. A probabilidade maior, até agora apurada, aponta para ocultação das amputações. Nada explica este comportamento já que as mudas de todas as plantas estão acostumadas com a violência e acreditam nela como um defeito inevitável, quando não se manifestam insensíveis a esta característica vegetal. Provavelmente vítimas da agressões com que árvores vizinhas se tratam, os passarinhos estão cada vez mais chocando menos ovos .

Quando veicularem este tipo de notícia teremos certeza de que já não existimos. Pintado o quadro agora, segundo se diz que as coisas se fazem quando se pensa nelas, me assusto imaginando que posso já não ser eu aqui, mas apenas a minha existência imaginada. Parece que isto vale também para o caso de nada ter acontecido ainda. Se o possível da inexistência for de fato inevitável, ser ou não ser já não é mais uma questão. Alguém poderia pisar um pouquinho no freio. Talvez seja possível corrigir um pouco a rota. Isto de se fazer enquanto se faz é algo que não me convence.

A força dos choques humanos resulta diretamente no impulso de seguir o caminho que seguia antes do impacto. É rezar para que o rumo não seja o precipício.

terça-feira, 10 de março de 2009

Salário é alimento, negar é desumano.

Disseram que há crise na Lagoa. A da Conceição, que fica no meio da ilha de santa catarina. Como este pedaço de chão não me diz sem que eu saiba geologia, como é que se formou, não digo que ela foi cavada, nem que seja pelo tempo, pois pode que seja resultado de ajuntamento de terras como muros, deixando um buraco para juntar água no meio.

Sálário atrasado de funcionário quando o verão não acabou, é conta que lugar de turismo nem em sonho haveria de fazer. E quanto mais num momento em que até o carnaval já passou, situação que sugere que as burras do empresários devem ter muita carga de moedas.

O que poderá então ser o motivador de falta de pagamento por serviço prestado, sem fazer grande alarde com isto, parece ser uma boa pergunta. E não sobra muito para dizer considerando que, em primeiro lugar, o Brasil gerou muita riqueza nos últimos anos, então os cofres deveriam ter reservas; em segundo lugar o verão já deu o grosso do dinheiro que dá por estas terras; em terceiro lugar os empresários não arriscariam perder funcionários nos próximos anos, ou ter que contratar incompetentes e desonestos por ser fazerem agora eles de safados. Mata de fome quem te serve e logo te faltará quem te traga comida à boca.

Parece que a crise na Lagoa é uma mania de reclames na pior linha do senso comum em que o ser humano se comporta como ser bovino.

domingo, 8 de março de 2009

Vale criar um ídolo de muitos?

É possível que alguém faça diferença na história humana? Se um indivíduo for de fato um entre vários, se de verdade se constitui ímpar entre muitos, será possível que se torne um ponto de referência no tempo? Parece que não.
Hoje havia um bom grupo de pessoas dentro da água. O mar rebolava em ritmo de samba-canção e o grupo se favoreceu das possibilidades de nadar, boiar, caminhar, mergulhar e se abstrair num mundo de pouco perigo. Regime mais democrático que este eu duvido que haja. Onde se reúnem banhistas e há espaço para todos, a educação é um detalhe que se observa na areia, na calçada, ou na rua avistada de dentro do mar.
Lá, neste parque aquático natural e livre, o mais possível de influência que alguém pode repercutir é provavelmente o de afogamento. Para que um ser apenas, motivado em alterar este arranjo das coisas, consiga fazer diferença, de forma tal que, considerado por todos, o diferente seja histórico, é necessário muito apoio e no mínimo auxílios indiretos. Pode que se faça algo incrível e histórico numa tarde na praia, pode que o fato se ligue a alguém. Parece-me que atibuir a façanha a uma única pessoa é um engano. Mais provável é admitir que um alguém seja utilizado como um símbolo ou marca para a lembrança.
Atos individuais poderiam deixar de ser critério para homenagens e premiações vindas do coletivo.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Euroexcêntrico

Pensar nosso país a partir do conhecimento trazido da europa é um disparate. Temos que admitir de uma vez por todas que a comunidade européia, de forma individual ou somando-se nos países que a compõe, possui quando muito conhecimento suficiente para enfrentar seus próprios dilemas. Entender-se como uma sociedade onde os seres que a formam, afora seus poderes diferentes de consumo, são merecedores dos mesmos direitos à vida, quer tenham nascido na Áustria ou na África, já é muito que pedir a um europeu.

O que me atravanca seguir numa linha curva e disforme de pensamento em direção a  unidade que faria da humanidade um grupo digno do nome, é a percepção de que, para que isto seja verdadeiro, cada grupo suficientemente diferente deve primeiro encontrar-se em si e conforme os seus conceitos.

Nós aqui no Brasil não temos a mínima idéia de quem somos pela forma que nos pensamos. O melhor que chegamos de definição, vêm da europa, do pensamento eurocêntrico como dizem os europensadores baseados nos euroconceitos. Nossos pensadores bebem lá os conceitos que aplicam para explicar isso aqui.

Parece-me que nos vemos ainda isto e não estes. Ou seremos o isto daquilo? Ou não é assim que se pensa? Eita nó!

segunda-feira, 2 de março de 2009

Porquê o movimento humano também é um negócio?

Por toda a cidade passam a caminhar sem que o trabalho seja o horizonte. Por quase todas as praias e muito pelo centro urbano, há quem observe os que chegam, passam, seguem, sonham parar, gostam, tiram fotos... Florianópolis é uma cidade turística e se for vista em um catálogo, é mais uma entre tantas opções.

Quanto tempo foi gasto para que cada um dos que por cá atravessam pudessem por cá passar? É indiferente saber se podem se demorar mais do que um dia na cidade. Já não se conhece aquele que vem, conta-se nos grupos segmentados que cruzam este espaço no verão. São estatística, quase todos. Porém de lá de onde vieram poderia fazer diferença o tempo gasto, ou consumido por cada viajante. Se para cá vieram é de crer que para lá eles estão a faltar, se não não falta também a riqueza que trazem. Será que um pouco do que levam quando produzem coisas que aqui são consumidas está no bolso deles? Seremos nós que os consumimos?

O vai e vém de todos que vamos e viemos gera mais do que transformações nos ambientes habitados fugaz ou perenemente. Nossa imagem gera novos espaços por onde passamos. Dificilmente não somos percebidos. Qualquer um que se movimente é um ponto de referência. Qualquer direção que escolhemos é uma possibilidade aberta para quem observa. Parece que os trânsitos livres são agências de fomento da curiosidade e moeda forte para o desenvolvimento humano. Será a troca avalorada o combustível para o trânsito livre?